Órgãos Autárquicos | |
Presidente | Marco Paulo Serpa Mendonça |
Secretário | António Rafael Gonçalves Gomes |
Tesoureiro | Rui Valter Freitas Mendonça |
Órgãos Deliberativos da Freguesia (Plenário) | |
Presidente | Lidia Maria Serpa Freitas Ambrósio |
1º. Secretário | Emanuel António Almeida Gomes |
2º. Secretário | Marco Paulo Serpa Mendonça |
Situada no extremo sul da ilha das Flores, Lajedo , dista nove quilómetros da sua sede concelhia, Lajes das Flores, e vinte e dois de Santa Cruz, o outro Concelho desta Ilha. Constituída pelos lugares de Campanário e Costa, a Freguesia é fertilizada pelos ribeiros do Campanário e da Lapa, que atravessam o seu território.
Nossa Senhora dos Milagres de Lajedo, uma das primeiras povoações constituídas na Ilha, é talvez a mais enigmática, porque se esconde entre cristas e picos rochosos.
O topónimo principal significa "pavimento coberto de lajes, lajeado; lugar em que há muitas lajes; laje grande e lisa" . Os seus 673 hectares de solo, muito férteis, apresentam diversas cores, que vão desde o branco, verde, vermelho e amarelo, até ao preto. Como dizia Isatis Tinctoria, Lajedo, terra de pão e de pasto, reúne todas as condições para acolher e alimentar quem nela queira viver. Assim o entendeu João Soares dos Mosteiros, natural da ilha de São Miguel, que aqui aportou e decidiu ficar, procedendo à colonização e ao desenvolvimento da região.
Gaspar Frutuoso informa que "Por suas mãos fez, calafetou e breou um batel, sem nada saber destes ofícios, em que ia com sua mulher e filhos ouvir missa à vila das Lajes. Diziam dele que, quando tornava a sua casa, dizia à filha mais velha que pusesse o batel em cima, e ela o tomava à cabeça e o punha onde queria, por ser muito pequeno e mal feito, mas servia-lhe, pelo caminho ser trabalhoso, e muitas vezes este João Soares, ia se às Lajes no barquinho e, às vezes, pescar nele".
A paróquia de Lajedo foi criada, por alvará régio, em finais de 1823, apesar de ali existir, desde 1781, uma Ermida da invocação de Nossa Senhora dos Milagres. Aquele templo foi reconstruído, em 1868, pelo então Pároco, padre Francisco Luís de Freitas Henriques. Na nova Paróquia, delimitada pela Ribeira da Lapa, pelo Rebentão e pela Rocha Alta, colocaram um Reitor como "a Congrua de quatro moios e cincoenta e hum alqueires de trigo e oito mil reis em dinheiro e um Tesoureiro com a ordinária de um moio de trigo e trez mil reis para hostias e vinho, a pagar pela Junta da Fazenda da Ilha".
É ainda Gaspar Frutuoso quem regista a existência de "dois ilhéus no mar, afastados de terra um tiro de besta, que têm pouco mato em cima, onde criam diversas aves, e entre eles e a terra há ancoradouros de navio, e ao nível com o mar, corre uma ribeira, onde abicam as barcas dos navios e dentro enchem as pipas de água, sem as tirar fora. Chama-se a esta parte os Lajedos. É terra lançante e a rocha pouco alta, que dá pão e pastel".
O Padre José António Camões refere-se, num escrito de 1815, a "uma fajã chamada a Costa, que tem muitas vinhas, mas infrutíferas, assim como são todas as da Ilha" . Depois, explica que, "por dentro do tal ilheo Cartario, ha outro ilheo pequeno e, por dentro deste, uma enseada chamada o Portinho do Lajedo, onde podem varar barcos pequenos, mas só com muita bonança" . Por fim, fala ainda da Ermida de Nossa Senhora dos Milagres, "a que concorrem muitos devotos, mâs he provavel, que a sua devoção consiste exceptis exceptuandis em levarem os seos violinos, e tocarem e dançarem com as moças, etc.".
Lajedo dependeu, administrativamente, do concelho de Santa Cruz, entre 1895 a 1898, período que durou a supressão do de Lajes das Flores.
Vale sempre a pena recordar as estórias e as lendas que povoam o imaginário colectivo de uma comunidade, porque dão consistência a um passado comum, criando indestrutíveis laços de identidade e união entre as consciências individuais.
A electricidade chegou tardiamente a esta Freguesia, apenas em 4 de Fevereiro de 1978, data, portanto, em que a iluminação deixou de se fazer mediante as características lâmpadas a óleo de baleia.
Pierluigi Bragaglia, escritor italiano radicado em Lajes das Flores, descreve um episódio curioso relacionado com a cooperativa agrícola "Ilha das Flores" , que teve sede em Lajedo, e a electrificação local. "Se foi esta a última Freguesia das Flores a pôr de parte as antigas lâmpadas a óleo de baleia, o director da dita Cooperativa, José de Freitas Escobar Júnior, instalara, com vários anos de antecedência, uma turbina numa ribeira muito abaixo da aldeia, e com um sistema de fios podia acender a luz do seu escritório – para fazer as contas, à noitinha – por meio de um simples interruptor; quase um milagre para as outras freguesias."
Lajedo orgulha-se das personalidades que, tendo nascido ou vivido no seio das suas terras, deram um importante contributo para o desenvolvimento do País e para o bem-estar da população.
José de Freitas Escobar Júnior foi, justamente, uma das maiores figuras do arquipélago dos Açores, no sector dos lacticínios, graças ao exemplar trabalho de gestão que realizou na direcção da já citada "Ilha das Flores" , durante cerca de quarenta anos. Natural desta Freguesia, emigrou jovem para os Estados Unidos e, mais tarde, para o Brasil. Regressou alguns anos depois, não porque realizasse fortuna, mas porque o seu irmão fora acometido por uma doença grave.
Acabou por aqui ficar, porque entendeu que podia fazer muito por Lajedo. Possuía um manancial de ideias, que desde logo colocou em prática. O facto de ter electrificado o seu escritório, trinta anos antes da chegada da luz à Freguesia, rapidamente o celebrizou. O sistema era complexo, mas o grau electrónico do seu funcionamento demonstrava bem a genialidade do seu autor. Foi Presidente da Câmara Municipal Lajes Flores, entre 1944 e 1946 e, de novo, em 1948. Faleceu aos 84 anos, em 1986, na freguesia de Mosteiro.
O cónego Francisco Caetano Tomás , natural de Lajedo, licenciou-se em Filosofia e, mais tarde, foi ordenado sacerdote, em Roma. Viveu depois na cidade de Angra do Heroísmo, em cujo Seminário leccionou, durante muitos anos.
POPULAÇÃO
Divisão Etária:
Criança e Adolescentes: 23.02%
Adultos e Idosos: 76.98%
Número de Residentes: Cerca de 278 habitantes.
Número de Eleitores Recenseados: 239 eleitores. Dados reportados ao Referendo Nacional de 11 de Fevereiro de 2007.
Em busca de melhores condições de vida, parte da população activa emigrou para diferentes países europeus e americanos. Porém, como não esquecem a sua terra natal, visitam-na todos os anos e, quando regressam definitivamente, investem em diversificadas áreas da Freguesia.
DESENVOLVIMENTO E TURISMO
Sectores Económicos
Uma vez que, desde a sua génese, Fazenda foi caracterizada pela excelência das suas terras, não admira que parte considerável da sua população se ocupe ainda em actividades do sector primário, como a agricultura e a pecuária. Contudo, perante os novos desafios que a sociedade actual nos apresenta, actividades dos sectores secundário e terciário complementam, hoje, a economia desta Freguesia açoriana.
Em termos de estruturas económicas, não se pode deixar de salientar o trabalho desempenhado pela União de Cooperativas das Flores que, criada nas últimas décadas do século XX, nasceu de necessidade de garantir a qualidade da produção de lacticínios da ilha das Flores.
A Fazenda, uma das melhores produtores de leite, iniciou o seu cooperativismo, em 4 de Abril de 1919, com a lavra da escritura de constituiu da "Fructuária de Produção de Lacticínios da Freguesia do Senhor Santo Cristo dos Milagres da Fazenda" , mais tarde, "Cooperativa Agrícola Fructuária de Produção de Lacticínios Senhor Santo Cristo" na presença do criador deste movimento na Ilha, o ilustre florentino Padre José Furtado Mota.
Em 1950, por escritura de 29 de Novembro, foram elaborados novos estatutos, e a cooperativa passou a designar-se por "Cooperativa Agrícola de Lacticínios do Senhor Santo Cristo, SCARL" , cuja direcção era constituída por Fernando Pereira Gomes, Francisco de Freitas Silva e Fernando Gomes Trigueiro.
Mais tarde, em 1968, a cooperativa adaptou o seu equipamento e empregou a maior parte do seu leite no fabrico de queijo tipo "São Jorge" , reduzindo aos mínimos a produção de manteiga (conhecida como milagrosa por ser de "natas iguais" , isto é, produzida num único posto de desnatação, no sítio da Ribeirinha). Foi uma mudança de produção pioneira, visto que as restantes cooperativas só o passariam a produzir alguns anos depois. Contudo, como os progressos nos equipamentos para o fabrico de lacticínios se apresentam contínuos e o mercado, por conseguinte, se encontra em constante transformação, só uma acentuada concentração industrial consegue acompanhar a evolução e realizar os investimentos necessários, para fabricar o queijo com os novos padrões de qualidade. Assim, para assegurar a crescente produção de lacticínios das Flores, a pequena cooperativa agrícola da Fazenda, juntamente com as suas irmãs de outras freguesias florentinas, fundaram a União de Cooperativas da Ilha das Flores.
Na década de 40 do século passado, também funcionou, nesta Freguesia, uma empresa baleeira pertencente a Francisco Nunes Azevedo. Meios de Acolhimento: Para melhor receber os visitantes e curiosos turistas, esta Freguesia dispõe de dois restaurantes, quatro bares e uma pensão familiar.
Desporto, Cultura e Lazer
Dado que é o associativismo que mais contribui para o desenvolvimento da Freguesia desigualmente através da dinamização de área como o desporto e a cultura, Fazenda conta com o apoio e o trabalho de algumas colectividades, entre as quais se destacam:
Acção Social
Não descurando esta importante área de acção, esta Freguesia tem, ao dispor dos seus habitantes, serviço de enfermagem, a funcionar uma vez por semana.
Ensino
No âmbito da Educação, esta Freguesia mune-se de algumas infraestruturas, como Escola Básica Integrada/Jardim de Infância, com Ludoteca.
GUIA TURÍSTICO
É indiscutível que os Açores possuem algumas das paisagens naturais mais belas de toda a Europa. Fazenda, neste campo específico, não constitui excepção, orgulhando-se, por exemplo, da moldura verdejante que enquadra o Miradouro da Caldeira (de onde se a vista o porto das Lajes) e os Percursos Pedestres.
Do seu património edificado, por outro lado, não se pode deixar de referir:
TRADIÇÕES
Festas e Romarias
As manifestações religioso-profanas são parte integrante da cultura etnográfica de cada região. Em Fajãzinha, para não se perder a identidade religiosa ancestral da sua população, realizam-se festas em honra do Divino Espírito Santo , sete dias após o domingo de Páscoa; e de Nossa Senhora dos Remédios , no último domingo de Agosto.
Para além destas festividades, são também muito concorridas a Festa da Filarmónica Nossa Senhora dos Remédios , que tem lugar no segundo fim-de-semana de Julho; e a Festa do Patrocínio , que ocorre durante o segundo domingo de Novembro.
GASTRONOMIA
Pratos Típicos
São iguarias da região, Sopa de Agrião de Água, Linguiça (tripa de porco enchida com carne e banha) com Inhames, Morcela (tripa de porco enchida com sangue, arroz e temperos) com Pão de Milho, Molhos de Dobrada e Queijo Caseiro.
Doces Regionais: Fazem parte da confeitaria da região, o Folar da Páscoa e as Filhós do Entrudo.
ARTESANATO
As peças de artesanato, cada vez mais apreciadas por naturais e estrangeiros, funcionam como cartão de visita de cada região, uma marca presente de um passado que tende a ser esquecido. Neste sentido, em Fajãzinha, permanecem vivas algumas artes antigas como a de confeccionar miniaturas em cedro (cadeiras de embalar e alfaias agrícolas, entre outras) ou tapetes em casca de milho.
No passado, a Fajãzinha celebrizou-se pelos seus vimes, que os artesãos entrançavam a formar valiosas peças de mobília e outras de alfaias ou para a agricultura.
João Gomes Corvelo, um artesão local que confecciona e vende artesanato diverso na sua própria casa sita no Largo do Rossio.